TREMOÇO

TREMOÇO (Lupinus albus)

Leguminosa muito rica, originária da Europa (bacia mediterrânica) e África Oriental. Sendo que também há espécies do novo mundo. Conhecida e produzida desde a antiguidade, já 4000 a. C há notícias do tremoço e seus benefícios para alimentação humana, como importante fonte de proteína na nutrição animal e como adubo verde, por ser um fixador de azoto no solo.

Tem três vezes mais proteínas e duas vezes mais fósforo do que o leite de vaca, cálcio, vitamina C5, E e B, potássio, ácidos gordos insaturados, ferro e fibras. O valor nutricional ronda os 30 a 50% de proteínas, os 7 a 20% de gordura e os 30 a 40% de fibra. Investigadores do ISA - Instituto Superior de Agronomia concluíram que o tremoço é um inibidor natural das inflamações do cólon e por isso mesmo, previne as inflamações do cancro do cólon, qualidade que permanece mesmo após a cozedura do grão.

Os tremoços são as sementes das plantas fabáceas, conhecidas como tremoceiro (especialmente o "tremoceiro-comum"- Lupinus albus), pertencentes ao género Lupinus e usadas na fixação de azoto nos solos, sendo por isso usada como adubo verde, melhorando também a estrutura física dos terrenos.

O tremoço branco é uma espécie de tremoço nativa da Europa. Planta herbácea que atinge entre 30 e 120 cm de altura, raiz profunda, achega a atingir 1,20 m de profundidade. Flores podem ter a cor branca, amarela, púrpura ou azul, consoante a variedade. A fecundação pode ser autogâmica ou alogâmica (cruzada), esta última realiza-se pelos insectos.


Tremoço -  Lupinus albus

Adapta-se a diversas condições climáticas, resistente ao frio (suporta até - 4º C), desenvolve-se em solos de média fertilidade. Possui um sistema radicular pivotante bastante profundo que proporciona melhorias nas condições físicas do solo, além de promover a fixação simbiótica do nitrogénio, através das bactérias dos seus nódulos.

Planta-se a 40-50 cm de distância, e a 3-5 cm de profundidade. Não aprecia solos calcários, prefere solos ácidos e de terrenos frescos, bem drenados. Prefere a meia-sombra. Temperatura ideal entre 10ºC e 14ºC. Ph entre 5,5 e 7,5.

Em Portugal, esta cultura deve ser feita no Outono (Outubro-Novembro),nas regiões do interior e no litoral Novembro-Dezembro pois o calor do Verão tem um efeito negativo na floração e na produção do grão. Colhe-se em Junho-Julho, quando a planta está completamente seca e começa a «cantar». Quando o teor de humidade está abaixo dos 15%.

Colhe-se o tremoço ao nascer sol (enquanto a humidade relativa do ar não desce abruptamente com o aumento da temperatura do ar), com luvas. Depois debulha-se, escolhe-se para tirar algum que não esteja bom e guarda-se. Cozendo-se de acordo com as necessidades, com uma semana de antecedência antes do consumo. Também se pode cozer todo de uma vez e guardar depois.

O tremoço pode ser consumido cozido mas também se pode fazer farinha e outros pratos culinários. Na escolha da variedade a cultivar deve ter-se em atenção a finalidade a que se destina (fazer farinha, comer, nutrição animal, etc); o clima da região e a disponibilidade de água.

Preparação dos tremoços

Os tremoços precisam de 1 semana de preparação para se poderem consumir.

Colocam-se os tremoços em água fria (se possível de nascente), durante 2 dias e vai-se mudando a água 3 vezes por dia. Depois escorrem-se e passam-se por água limpa. Põe-se numa panela com água sem sal, ao lume. Deixa-se ferver 10 minutos.  Não convém deixá-los cozer demasiado, pois ficariam moles.

Quando estiverem cozidos, retiram-se do lume, escorrem-se e colocam-se em água fria durante 3 dias e muda-se a água 3 vezes ao dia, até que os tremoços percam a amargura. Depois coloca-se por 2 dias com água e sal e vai-se renovando a água e o sal.

Tradicionalmente, este processo era feito ao ar livre: os tremoços eram colocados num saco de rede debaixo de uma nascente, ou num ribeiro, fixando-se com uma pedra, após 3-4 dias deste demolhar natural eram cozidos. Ficando mais 1 ou 2 dias em água com sal. Os tremoços mantêm-se durante várias semanas no frigorífico, num recipiente fechado, com água e uma fina camada de sal.


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