CAMÉLIA ou JAPONEIRA (Camellia japonica); (Camellia sasanqua); (Camellia reticulata)
Planta da família das Cameliáceas originária do Leste Asiático (Japão, China, Coreia do Sul), natural das florestas húmidas. Muito popular no Japão e aí cultivada há séculos, tendo sido muito apreciada pelos Samurais (antigos guerreiros japoneses especialistas na arte do sabre, que iniciavam o seu aprendizado na infância e que serviam aos senhores feudais, seguindo um código de honra muito rigoroso. Tiveram a sua expressão máxima entre os séc. XII e XIV). Encontram-se Cameleiras até 900 m de altitude. Planta de vida longa, que podem viver mais de 100 anos.
Desde a época dos descobrimentos muito cultivada e divulgada em Portugal para fins ornamentais nos nossos jardins, pela beleza das suas flores. Terão sido os Portugueses a introduzi-la em Portugal e por consequência na Europa aquando dos Descobrimentos pois fomos os primeiros a chegar à China (1513 e em 1517 já fazíamos comércio com eles), ao Japão (1543) e através do comércio marítimo estabelecido levámos exemplares de plantas comuns aqui e trouxemos para Portugal exemplares de plantas asiáticas (nespereira; diospireiro; cameleira, entre outras). Era aqui conhecida como Japoneira, sobretudo no Norte de Portugal. Já em 1668 a flor era representada nos azulejos do Palácio Fronteira, em Lisboa. Mais tarde, Georg Joseph Kámel (1661-1706), um Jesuita Checo da região da Morávia, botânico e zoólogo que viajou pela Ásia no séc. XVII e também trouxe sementes da japoneira da China para a Europa, redigiu um tratado sobre a planta. Em 1734, o botânico (zoólogo e médico) sueco Carl Nilsson Linnæus (1707-1778), homenageou-o (pelo seu tratado), atribuindo o seu apelido a esta planta, transformando o K em C pois não havia o K no alfabeto latino e assim a planta passou a ser também conhecida como Cameleira (e as suas flores por camélias), sendo que no Norte de Portugal prevalece ainda o nome original de Japoneira. Chegaram à América do Norte no séc. XVIII (conhecida como Rosa de Inverno) e aos Açores (Ilha de S. Miguel) no séc. XIX, onde era conhecida como Rosa do Japão.
De folha alternada, perene, verde escura brilhante na página superior e mais clara na página inferior, de formato ovalado e ápice agúdo. Tronco liso. Gosta de um solo rico em húmus, ácido (Ph 5,5 a 6,5) e solto. Flores hermafroditas (têm os dois órgãos sexuais) que surgem solitárias ou aos pares nas pontas dos ramos. As cores das flores, consoante a variedade vão do branco ao roxo passando por diversas tonalidades de rosa e vermelho. Geralmente as flores não têm perfume mas há algumas variedades cujas flores são perfumadas.
A Camellia japonica é a mais fácil de reproduzir e frequente nas regiões atlânticas, floresce de Janeiro a Março; a Camellia sasanqua de Outubro a Dezembro e a Camellia reticulata Março a Abril. Todas têm uma floração muito generosa.
Das sementes tira-se um óleo (o Tsubaki) que no Japão se utiliza como amaciador para o cabelo e também para massagens no corpo. Diz a lenda que os Samurais untavam as lâminas dos seus sabres com este óleo, para as proteger da oxidação ou ferrugem e para que deslizassem melhor.
Planta-se no Outono e na Primavera em locais abrigados dos ventos, das correntes de ar, em meia sombra e o adubo deve ser orgânico, bem curtido. Hoje já há adubos específicos para camélias e azáleas. Gostam de húmus de minhoca. Na plantação não enterrar mais do que estava no vaso, as raízes não são profundas. Não calque o solo com o pé, mas sim com a mão e deixe-o ligeiramente solto. Beneficiam-se em maciços com 3 ou 4 variedades; isolada num maciço de vivazes ou num jardim em que existam árvores mais altas que lhe proporcionem sombra.
O solo sempre húmido sem encharcamento e leve. Nunca calque o solo à volta de uma cameleira. Convém palhar 6 a 7 cm (com folhas secas e ramos triturados) para evitar evaporação no tempo quente ou encharcamento no Outono-Inverno. Não gosta de água nem solos calcários. Precisa de zonas pluviosas daí que o Minho seja desde sempre a zona onde se adaptou melhor e talvez por isso se contem lá alguns exemplares seculares. No Verão é preciso muito cuidado para que a planta não se queime. Gosta de 2 a 3 horas de sol pela manhã, mas o sol da tarde queima e descolora as folhas e por vezes as flores. Quando a folha está amarela é que em algum momento teve falta de água. Pode essas partes e regue. Quando tem pouca flor na época de floração é geralmente falta de água e de humidade suficiente. Precisa de bastante água na época da floração e quando está em vegetação para que floresça bastante. Multiplica-se geralmente por estaca, mas também por semente (mas assim vai produzir flores diferentes da planta mãe) e enxertia.
Retire as flores que vão secando à medida que isso acontece, para melhor saúde da planta e efeito estético e limpe o solo à volta da planta.
PODA - Pode ser conduzida em forma de arbusto ou de árvore.
A cameleira não precisa de poda para florir, mas sim para equilíbrio e saúde da planta. Podadas de modo a manterem uma forma arredondada ou ligeiramente cónica mas densa. Suporta muito bem a poda, diríamos mesmo que gosta. Antes de iniciar a poda, afaste-se da planta e observe-a para analisar o que vai cortar. Não deixe tocos.
Poda-se após a floração. A partir dos 2 a 3 anos da planta desponte a ponta dos ramos, a planta não ganhará muito em altura mas vai ganhar em diâmetro para ficar mais equilibrada. Sempre em forma de bola ou uma forma arredondada e desponta-se o que sai desta forma. Tire ramos mortos e ramos ladrões. Os gomos florais são arredondados os gomos vegetais são mais alongados, pode acima de um gomo virado para fora, nunca para o interior da planta. Na poda anual não se deve retirar mais do que 1/3 da ramagem.
Os ramos debaixo desenvolvem-se menos que os de cima porque a seiva tem sempre tendência a ir para os mais altos, por isso é importante ir despontando. Se o sujeito teve muito tempo sem poda, suporta bem uma poda severa, mesmo para metade, desde que o solo permaneça sempre húmido.
Azoto 10; Potássio 14; Fósforo 5 seria o ideal para ela. Não usar mais de 20% de composto. Atenção para não acidificar demais o solo senão matamos a vida microbiana.
FESTIVAIS E EXPOSIÇÕES
A camélia, tão querida e acarinhada em Portugal, não podia deixar de ter a sua festa. Assim, todos os anos durante o mês de Março de Norte a Sul de Portugal e nas Ilhas dos Açores e Madeira há sempre algures um Festival da Camélia. Normalmente todos contam com exposições da planta, concursos, workshops e visitas guiadas a jardins da região para observação da flor.
Os mais conhecidos são em Celorico de Basto; Lousada; Porto; Vila do Conde; Famalicão; Sintra; Monchique e Vila das Furnas (Açores- Ilha de São Miguel).
Para quem deseje mais informações há, desde 2008, uma Associação Portuguesa das Camélias (APC) sediada na cidade do Porto.
Camellia japonica
Imagem: Pinterest
Leia também: PODA DE JASMINS
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Muito boa a descrição sobre camelia. Poderia esclarecer se ficar sob a forma de arvore, quantos metros alcançaria?
ResponderEliminarMuitos metros. Tenho aqui no jardim cameleiras com varios metros de altura mas já com decadas de idade.
ResponderEliminarObrigado por partilhar.
ResponderEliminarAprendi muito sobre camélias obrigado
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