COMO ESCOLHER A SUA ÁRVORE FRUTÍFERA

De notar, que não se fala aqui de pomares comerciais, que esses devem seguir outros critérios mais exigentes, definidos por entidades oficiais, pois os custos são elevados, os mercados hoje são muito exigentes em qualidade e muito competitivos. (Consideramos que, hoje em dia, é um erro criar pomares em monocultura. Até porque a tendência e exigência dos mercados vai no sentido da produção biológica, sem agro-tóxicos e as produções em monocultura dificilmente sobrevivem sem aqueles. O futuro o dirá, mas todas as experiências que se têm realizado em todos os continentes, vieram provar a eficácia da policultura em todos os níveis, pois a diversidade de culturas é que vai ajudar na protecção das mesmas e na sua resiliência). Ver página de POMAR EM PERMACULTURA. 

A escolha da nossa frutífera depende de vários critérios:

Em primeiro lugar, qual a espécie que pretendemos. Ou seja, qual o fruto que queremos colher. Temos que ter em atenção a resistência da espécie a pragas, doenças, clima e tipo de solo, bem como a conservação do fruto. Se se conserva bem, como conservá-lo.

- O tipo do nosso solo, para sabermos como o adaptar às necessidades da árvore que pretendemos.

- Qual o local e o espaço que temos disponível no jardim ou na parcela onde a queremos colocar.  Se tivermos um pequeno jardim, temos que adaptar a nossa escolha ao espaço que temos disponível e pensar no volume da árvore em adulta. Por isso, devemos informar-nos antes qual o seu tamanho em adulta. E até adaptarmos a variedade da espécie que desejamos ao nosso espaço.

- Qual o clima e a exposição do terreno. A exposição a Sul, tem melhor insolação e menor incidência de vento. A disposição das árvores no terreno, deve ter em conta o melhor aproveitamento da luz solar. Nem todas as árvores necessitam da mesma temperatura. Por exemplo, enquanto um kiwi necessita de 700 h de frio, uma ameixeira europeia necessita de 500 a 1500 h de frio, uma cerejeira de 500 a 1700 h de frio. Com a pluviosidade acontece o mesmo, com o vento também.

- Da forma da árvore. Este critério também é muito importante, pois a forma pode ser adaptada ao espaço que temos, não abdicando da espécie de árvore, ou seja do fruto, que desejamos. Por exemplo, imaginemos que queremos um damasqueiro e que temos um pequeno jardim. Não vamos provavelmente, optar por um damasqueiro em forma de vaso, mas sim por uma árvore em espaldeira, até junto a um muro ou parede da casa, que ocupa pouquíssimo espaço e escolhemos uma variedade adequada. Tal como pensar que se o objetivo é colher os frutos, não nos serve de nada escolher uma forma cujos ramos estruturais começam a 1,5 ou 2 m do solo. Porque essa árvore será muito alta e precisará sempre de escadote para colher o fruto. O ideal será manter as árvores frutíferas a 2m-2,5 m do solo para facilitar a manutenção e a colheita do fruto.

- A variedade da espécie pretendida, consoante a utilização que pretende - para doces e tartes; para roer ou para cortar. Tem de se adequar aos critérios anteriores e também ao clima da região onde a vai instalar. Variedades modernas comerciais são mais sensíveis. Privilegie as variedades antigas e de preferência as regionais que já estão mais adaptadas ao clima da sua região e são mais resistentes a pragas e doenças. Informe-se junto dos viveiristas, cooperativas agrícolas e até em escolas agrícolas, da sua região. É uma forma de preservar o património vegetal regional.

- Conhecer o período de floração e época de maturação colheita. Se por exemplo, vivemos no Norte de Portugal, ou em regiões do interior ou terras altas onde o Inverno é frio, chuvoso e até neva, não vamos plantar árvores que florescem no Inverno e sejam sensíveis ao frio. Se vivemos em regiões ventosas na Primavera, temos que ter cuidado pois se as árvores estiverem em flor nessa altura, o vento pode arrancar as flores e não teremos frutos nesse ano. Se vivemos numa região fria no Inverno e queremos uma nespereira, vamos optar pela variedade Mespilus germanica de folha caduca que frutifica no Outono e não pela outra Eriobotrya japonica de folha perene que frutifica na Primavera. Portanto, é importante sabermos quais os períodos de floração, maturação e colheita. Senão, corremos o risco de nunca obtermos frutos.

Polinizadoras. Há espécies que precisam de outra para produzir frutos como por exemplo o kiwi (precisa de uma árvore macho e outra fêmea). Outras são auto-férteis.

- Se tiver espaço, não plante só uma espécie de frutífera. Plante diversas espécies que floresçam em épocas diferentes e assim terá frutos todo o ano e terá sempre alguma árvore em flor para contemplar. Além disso contribui para a vitalidade e resistência das suas árvores.

- O compasso ou seja a distância entre as árvores, que depende do vigor da espécie/variedade; do vigor do porta-enxertos e da forma de condução da árvore.

Dito isto, pode sempre reavaliar o seu jardim ou parcela e ver se tudo está adequado ou se necessita fazer alterações. Quem sabe, tenha agora percebido porque é que uma determinada árvore não responde como desejava, aos seus cuidados. À medida que cuidamos do nosso jardim, das nossas parcelas, vamos percebendo alguns erros que fizemos por falta de informação e inexperiência e vamos corrigindo esses mesmos erros. Podemos sempre reformar o nosso pomar, o nosso jardim, as nossas parcelas.

O contacto directo com as árvores e plantas, os cuidados e atenção que lhes prestamos, reflecte positivamente em nós, seres humanos. Muitos especialistas e psicólogos dizem que é uma excelente terapia... Então, boa terapia!!!

Leia também: A página PORQUÊ PODAR, O QUE PODAR, QUANDO PODAR
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2 comentários:

  1. Fiquei fã deste blogue!!!! Muito boas informações para quem gosta de cuidar bem das plantas. Obrigado!!!

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