PODA DE DIOSPIREIROS

DIOSPIREIRO (Diospyros Kaki)

É originário da China e pode atingir 10 m de altura. Árvore de folha caduca, resistente ao frio de -15º C no período de dormência invernal. Precisa de frio invernal embora menos horas que cerejeiras ou pereiras, precisa de cerca de 100 horas de frio. Também resiste bem a secas, desde que não se prolongue por largos períodos. Adapta-se a todos os solos, embora prefira solos leves, conquanto profundos, e pouco húmidos. Período ideal de plantação vai do meio do Outono ao fim do Inverno. Prefere uma exposição soalheira e precisa de bastante luminosidade e prefere calor estival para bem frutificar. Ph ideal 5.5 - 6.5. Frutifica ao fim do 3º ou 4º ano de plantação.

Floresce entre Março e Maio. Fruta entra em maturação no Outono. No fim do inverno aplique 2,2 – 4,5 kg de composto à volta de cada árvore. O diospireiro adora adubo orgânico. Depois da plantação aplique 15 cm de palha ou 7,5 – 10 cm lascas de madeira. 

Deve-se podar, não deixando a árvore ficar muito alta senão os frutos ficarão facilmente inacessíveis. Na altura de maturação do fruto, já quase não tem folhas (final do Outono /Inverno) e como o fruto é muito pesado, se os ramos estiverem muito compridos acabam por partir com peso, acabando por se estragar também o fruto porque cai ao chão e de imediato se esmaga. É um fruto muito sensível. Se a árvore estiver muito alta também dificulta o trabalho da apanha. Não é fácil chegar a todos os dióspiros.

A melhor forma de proteger as suas árvores contra as pragas é a poda; uma boa circulação de ar pela árvore e luminosidade para que todas as partes da fruteira apanhem sol; não fazer um pomar só com uma espécie de frutífera. A biodiversidade é a melhor forma de luta contra pragas. Se tem um dióspireiro, não coloque outro logo ao lado, mas uma fruteira de outra espécie e não repita a mesma variedade de dióspireiro perto uma das outras. Em Portugal temos a possibilidade de cultivar uma enorme variedade de árvores frutíferas, devido ao nosso clima. Aproveitemos o que temos de melhor. Uma boa pratica é também a limpeza do tronco de musgos e líquenes, até às primeiras bifurcações com água e uma escova de nylon. Deixe secar e pincele todo o tronco até 10 cm das bifurcações com uma calda de argila e água ou cal viva e água com a consistência de uma tinta. Faça isto no Outono, em dias secos.

A variedade "Coroa de Rei" é deliciosa. Doce, suculenta, não é de roer, come-se à colher quando está maduro.

Foi comprovado por especialistas que a queda fisiológica do fruto é maior após um período de seca e também de regas abundantes, por isso, quando a árvore tem fruto deve evitar-se excesso de humidade no solo, não regue muito. A queda em excesso de frutos também pode significar azoto a mais no solo.

Colheita

Para fazer a colheita, não se arrancam os frutos, têm que ser cortados com tesoura de poda no inicio do pedúnculo, a cerca de 5 cm de altura, para ficarem com um pé alto para não se estragarem. Depositam-se delicadamente na caixa ou na cesta para onde colhe a fruta, não se atiram, porque senão vai acabar por estragar dois frutos, o que atirou e o que já estava na caixa ou cesto.

Colocam-se na fruteira com o pé para baixo. Devem acabar de amadurecer na fruteira por 2 ou 3 dias. Se for para viajar, colhem-se antes da maturação total e embalam-se em papel de seda e colocam-se com o pé para baixo, pois é um fruto muito frágil quando maduro.

PODA - Poda-se no Inverno, após colheita e durante o período de dormência da árvore (Novembro a Fevereiro mas antes do inicio do abrolhamento). Tenha sempre material de poda bem desinfectado e bem afiado, para fazer cortes limpos.

Pode formar-se a árvore em vaso, em fuso ou em espaldeira. Após a poda pulveriza-se com um produto biológico para proteger a árvore de pragas. Se podar ramos maiores, aplique uma pasta cicatrizante ou simplesmente pasta de argila e água ou uma pasta de cinza e água, caseiras.

Ao contrário das outras árvores frutíferas no diospireiro, quando se poda ramos maiores, 3 cm ou mais, deve-se deixar um toco de 3-4 cm (podar cerca de 3-4 cm a mais). A importância de deixar este toco é que as feridas do diospireiro tendem a contrair-se.

Poda de Formação: (Em forma de fuso) Ver página da Forma das Frutíferas

No 1º ano - Depois do plantio da guia deixa-se desenvolver as pernadas laterais. No Inverno, escolhem-se 3 ou 4 ramos, com uma distância entre 10 e 15 cm entre eles, partindo do tronco para servir de estrutura e bem distribuídos à volta do tronco, de forma a que não se sobreponham uns aos outros e podam-se a 30 cm. Cortar os outros.

No 2º ano, elimine os novos ramos que crescem no tronco abaixo do 1º ramo estrutural (ramos ladrões) e os que vão na direcção do interior da árvore, bem como ramos secos ou doentes. O objectivo é  limpar o interior da árvore para obter uma boa circulação de ar e de luz.  Pode os ramos estruturais que saem da 1ª estrutura a 2/3, para que ramifiquem. A árvore é mantida abaixo de uma altura máxima de 2,5 m para permitir uma colheita fácil e estimular uma extensão horizontal.

No 3º ano – Corte os ramos que saem da 2ª estrutura da árvore a 25 cm para  permitir o arranque dos ramos frutíferos.

Ramos novos frutíferos podar entre o 5º e o 9º gomo, antes e depois são brotos vegetativos. Normalmente poda-se a 6-7 gomos (olhos), embora muitos profissionais façam a poda a 5 olhos. 

Poda de manutenção:

- Poda de Inverno

Poda-se todos os anos, após a colheita dos frutos, no período de seiva descendente, durante a dormência da árvore. Observe primeiro a sua árvore e veja qual a forma original, para saber bem o que vai podar. Não tenha pressa. Comece pelos primeiros ramos da árvore e vá subindo. O diospireiro faz os frutos exclusivamente nos ramos novos do ano. Com uma poda correcta pode ter-se uma produtividade desde a zona baixa da árvore até ao topo.

Na poda de manutenção corta-se a madeira morta; os ramos que vão para o centro da árvore, os que se cruzam e que podem causar feridas na planta. Ramos ladrões entre os ramos estruturais e abaixo do 1º ramo da estrutura. Poda-se o prolongamento dos ramos estruturais em 1/3 do seu comprimento (fica 2/3). Podar os ramos novos entre o 5º e o 9º gomo (antes e depois são brotos vegetativos), acima de um gomo virado para fora, para que novos frutos se aproximem da estrutura e que os ramos não partam sob o peso dos frutos. Normalmente poda-se a 6-7 olhos. Mas se vir que há ramos pouco vigorosos pode estes a 3 olhos.

- Poda verde  

De Junho a fins de Julho. A poda verde actua apenas nos ramos do ano corrente. Não se toca no prolongamento da estrutura da árvore, isso é feito na poda de Inverno. Não tente fazer a poda verde toda de uma só vez. Isso poderia desequilibrar a árvore e levar a uma possível queda de frutos. Prefira uma por mês, assim dá tempo a que os novos ramos se desenvolvam o suficiente para poder podá-los. Se não tiverem ainda o comprimento desejado quando vai podar espere um pouco mais, deixe esses ramos para a próxima vez.

Poda-se a 25-30 cm (5-6 folhas) os raminhos novos vigorosos sem fruto, quando tem 60-90 cm de comprimento (7-9 folhas), pois terá madeira nova e frutos. Onde tiver fruto, pode 4-5 folhas após o último fruto para concentrar toda a seiva nos frutos que assim, serão maiores e melhores, isto quando tiver 7-9 folhas após o fruto. Se houver um fruto que tenha caído, pode 4-5 folhas após o pedúnculo do fruto que caiu.

QUADRO DA PODA  

PODA DE INVERNO

PODA VERDE (Junho a fim de Julho)

Eliminar os ramos ladrões, os ramos doentes, secos e os que vão para o centro da árvore.  Podar o prolongamento dos ramos estruturais em 1/3 do seu comprimento. Podar os ramos novos entre o 5º e o 9º gomo (antes e depois são brotos vegetativos). Ramos pouco vigorosos podam-se a 3 olhos. Deixe um toco de 3-4 cm quando são ramos de 3 cm ou mais de diâmetro  pois a ferida do diospireiro, contrai-se.

Podam-se os ramos novos sem fruto a 25-30 cm (5-6 folhas) quando tem entre 7 e 9 folhas e quando há fruto poda-se 4-5 folhas após o último fruto quando houver entre 7-9 folhas, se não houver este número de folhas espere um pouco mais. Se houver um fruto que tenha caído, poda-se 4-5 folhas após o pedúnculo do fruto que caiu. Não se toca no prolongamento dos ramos estruturais isso é feito na poda de Inverno.

DICA: Triture a lenha da poda, num triturador vegetal (Biotriturador) e espalhe a toda volta do pé da árvore num raio do tronco de 30 a 70 cm consoante o raio da copa (deve acabar a prumo com a copa). Pode e deve fazer o mesmo com a lenha da poda das outras árvores.

Exemplos de Diospireiros não podados:

Fig. 1 - Diospireiro jovem negligenciado. Está a perder a forma; há frutos minúsculos no topo da árvore em ramos do ano mas sem frutos desde a base; ramos ladrões que não foram eliminados; falta de adubo na Primavera e falta de rega.

Fig. 2 - Diospireiro muito jovem sem tutor, a árvore já está a inclinar para a direita; Ramo ladrão a crescer e a ganhar vigor (o 1 que se vê do lado esquerdo); ramos estruturais sem poda e excessivamente compridos; não teve poda de Verão; não foi adubada na Primavera e tem falta de água.(ver a página FORMA DAS FRUTÍFERAS).

Fig. 3 - Diospireiro sem adubo; falta de água; ramos secos e mortos continuam na árvore; ramos do ano com fruto mas com madeira morta à mistura, por vezes no próprio ramo convivendo com o fruto; não teve poda verde; está a perder a sua forma original e a inclinar o tronco para a esquerda; está a deteriorar-se até que deixará de dar fruto.

É este o triste cenário de centenas de árvores por todo o país que não são podadas (nem tratadas), pelas mais diversas razões. Temos o clima para poder ter todo o tipo de frutíferas que desejarmos com abundância e variedade de frutos, mas precisamos gastar alguns minutos, de tempos a tempos, para tratar delas. Elas nos retribuirão com colheitas abundantes e frutos saborosos. Não acreditem quando alguém vos diz que as frutíferas não se podam e que não é preciso tratarmos delas.

Imagens: jardiminhoto

PODA VERDE DO DIOSPIREIRO

Leia também: A página PORQUÊ PODAR, O QUE PODAR, QUANDO PODAR
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