NOVAS TÉCNICAS AGRÍCOLAS E A PERMACULTURA

NOVAS TÉCNICAS AGRÍCOLAS

Nos últimos anos tem havido uma grande mudança nas técnicas de cultivo; na procura de sementes biológicas e de espécies e variedades antigas e regionais, mais adaptadas a cada clima e região e mais resistentes a pragas e doenças (tanto para plantio como para preservação futura); bem como uma mudança de mentalidades com a compreensão de que os recursos planetários são finitos. Mudou a imagem dos agricultores e da agricultura, que hoje é vista e entendida como atividade de futuro, com um renovado interesse da ciência para fazer investigação neste campo e partilhar os resultados dessas investigações. Sobretudo, depois da divulgação do trabalho de Sepp Holzer (Áustria) e da Ferme du Bec Hellouin (França), entre outros. O uso de adubos e pesticidas químicos vai-se transformar numa história do passado.

Já nos anos 80 do séc. XX, John Seymour dizia no seu livro «O agricultor auto-suficiente», que se verificava, em toda a Europa, um interesse dos jovens pela agricultura e um renascer do interesse pelas hortas como fonte de auto-consumo.

Actualmente, defende-se a permacultura (a cultura permanente do solo, num sistema de policultura orgânica e biológica, com associação e rotação de culturas), sem químicos, sem grande labor da terra e com palhagem do solo, junto às culturas. Até já se criou maquinaria especifica - manual e também mecânica - para este tipo de agricultura se poder fazer em larga escala, para não laborar o solo como antes. É uma forma de agricultura que requer menos esforço físico, está mais em harmonia com a natureza e procura recuperar os solos das práticas menos boas das últimas décadas.

Aos homens de hoje, cabe a tarefa de unificar os conhecimentos ancestrais com as novas técnicas e descobertas científicas para legar às gerações futuras, uma síntese do que a humanidade aprendeu de útil e construtivo, preservando o que de melhor tem o planeta.  Procura-se alcançar em curto prazo as tarefas que por negligência deixou de realizar no passado, ou realizou mal e hoje tem muito trabalho a executar para recuperar dos erros. Constituem-se assim, numa espécie de guardiões e transmissores dos conhecimentos para beneficio de todo o planeta e da humanidade.

Os resultados obtidos são fantásticos, pois o solo não sofre erosão, enriquece-se a cada cultura, como não é trabalhado em profundidade, não se alteram as camadas nem os microorganismos próprios de cada uma delas, nunca está o solo a nu e por isso não se resseca. A produção obtida numa parcela em permacultura chega a ser maior e mais variada do que a produção numa parcela de monocultura com as mesmas dimensões, tratada com herbicida e fertilizantes químicos, que acabam por matar o solo e provocar enorme erosão. O solo perde qualidade e vida a cada nova cultura. Além disso, gasta-se muito menos água porque o solo permanece fresco e húmido durante muito mais tempo.

Já hoje, por toda a Europa há muitos ex-agricultores de monoculturas que se renderam aos novos métodos. Estão muito felizes por verem o solo renascer, renovar-se e enriquecer-se a cada nova cultura e não como no passado recente, após a 2ª Guerra Mundial, em que o solo era remexido por maquinaria pesada (tratores, motocultivadores). Como os solos se empobreciam (porque eram remexidos em profundidade e os microrganismos que davam vida ao solo estavam em baixo, uma vez remexidos e ficando à superfície morrem e o solo vai sofrendo a erosão e vai morrendo), precisavam de adubos e fertilizantes químicos a cada nova cultura (o que fez enriquecer aquela indústria), sendo necessário investir cada vez mais dinheiro em químicos e fertilizantes que cada vez prejudicavam mais o solo, num círculo vicioso.

Entretanto, verificou-se que as terras estavam cada vez mais pobres e não rendiam como antes. Os cientistas e os industriais perceberam que era o facto de remexer a terra em profundidade e alterar as camadas que provocava o seu empobrecimento, pois matava a parte viva do solo onde vive uma fauna que participa na manutenção de uma terra de qualidade. Então, foi dito ser necessário adubos e fertilizantes químicos bem como herbicidas. Só que estes matavam ainda mais o solo e mais químicos eram necessários. Foi a vez da indústria química se enriquecer e «emudecer» os cientistas, que estavam contra e diziam que desta forma se matava o solo, pois estes eram pagos ou pelos governos ou pelas grandes indústrias, entre elas a industria química. Entretanto a informação foi filtrando, os agricultores de hoje já são pessoas mais cultas, mais informadas e perceberam o que se estava a fazer às terras agrícolas.

Hoje, nesses hectares onde havia no passado essa monocultura é possível ver-se 3 culturas associadas, juntas, num sistema orgânico sem herbicidas, nem pesticidas, que se protegem umas às outras e com rotação de culturas. Quando necessário combater pragas faz-se por métodos biológicos. Por exemplo, durante o Inverno um adubo verde para regenerar o solo e depois da ceifa, os restos dessa cultura são incorporados no solo e semeia-se, por exemplo, milho, feijão e abóbora intercalados na mesma parcela. 

Na Europa, a Áustria, França e Alemanha foram os primeiros a perceber o que estavam a fazer ao solo e a passar ao método biológico que tentam partilhar e divulgar com agricultores de todo o mundo, (já a Rússia, nunca aceitou adubar e fertilizar o seu solo com químicos). Contudo, ainda há bastante resistência por parte de agricultores mais cépticos. Ao mesmo tempo que usam sementes biológicas, não híbridas e de preferência variedades antigas e regionais. Há, por toda a Europa, imensas associações e agricultores a disponibilizarem sementes biológicas e variedades antigas e regionais, mais resistentes. Ao mesmo tempo que se luta para não deixar extinguir-se as variedades regionais, de cada país.

Além de se poupar dinheiro na água, porque precisa de menos rega para se manter, não gastam dinheiro  em  pesticidas, os adubos são orgânicos e outra vantagem é que se diversificam culturas não ficando dependentes de uma só cultura. Como diz o adágio popular, «não se põem todos os ovos no mesmo cesto».

CONSEQUÊNCIAS DA UTILIZAÇÃO DE AGRO-QUÍMICOS


Antes dos anos 50 ninguém usava químicos nas terras. Mas uns anos depois da 2ª Guerra Mundial, as fábricas que durante a guerra fabricavam material de guerra foram reconvertidas, para criar máquinas para o mundo civil. Muitas começaram a fabricar maquinaria para a agricultura pois era necessário alimentar rapidamente uma população enfraquecida pela guerra e era preciso ganhar dinheiro e dar emprego a milhares de pessoas. Surgiram então os tractores e outra maquinaria pesada para arar a terra e foi-se convencendo os agricultores, gente simples, de que precisavam daquela maquinaria para produzir grandes quantidades de alimentos, fazendo com que se endividassem para adquirirem essa maquinaria, tudo com objectivo de lucro económico para os grandes industriais e banqueiros que emprestavam dinheiro a crédito. Mas o solo empobrecia cada vez mais. A solução que tinham era aplicar cada vez mais agro-químicos.

Mas a utilização de agro-químicos na agricultura, não provoca só a morte dos solos. É também responsável pelo desaparecimento de insectos e de pássaros. Os cientistas dizem que é um «Armagedon ecológico». O Jornal francês "Le Monde", no dia 20 de Março de 2018, alertava para a catástrofe ecológica.

Estudos recentes, realizados por cientistas, demonstram o declínio acelerado de todas as espécies de insectos a partir dos anos 1990. O colapso das abelhas é só a parte visível do icebergue. Abelhões, melgas, borboletas, joaninhas, etc., tudo está a reduzir a um ritmo nunca antes observado. O Grupo de Trabalho sobre os Pesticidas Sistémicos (que reúne mais de 50 cientistas de 15 países), diz que a utilização dos agro-químicos, longe de beneficiar a produção alimentar, coloca em risco os polinizadores que a tornam possível. Cientistas dizem que cerca de 35% da agricultura mundial depende destes seres. Há uma diminuição entre 60 e 75% dos insectos voadores. Portanto, isso afecta a quantidade e qualidade de alimentos à mesa da humanidade, pois afecta a polinização, o controlo de pragas e a cadeia alimentar.

Na China, na província de Sichuan, o condado rural de Hanyuan, vive da cultura da pêra, fornecendo 80% das pêras da região. Aqui, a polinização já é toda feita manualmente. Há muito que já não têm insectos polinizadores, sobretudo abelhas. A utilização sem controle de pesticidas na agricultura, dizimou todas as abelhas da região, bem como as plantas que lhes serviam de suporte, nos anos 80 do século XX. Quando os agricultores reportaram a situação a Pequim, a resposta foi que tinham eles, de substituir as abelhas e polinizar manualmente. Assim, todos os anos, em Abril, os agricultores daquela região chinesa, polinizam as flores das pereiras manualmente, uma a uma. É um gigantesco trabalho e muito dispendioso. Uma colmeia de abelhas pode polinizar 3 milhões de flores num só dia, enquanto que um homem não faz mais do que 30 pereiras por dia.

A generalização de pesticidas, principalmente os neonicotinóides, dizima populações inteiras de insectos que serviam de alimento aos pássaros. Por isso, o número de aves nas zonas rurais também está a diminuir em mais de 55%. Em Portugal entre 2004 e 2014 desapareceram mais de metade de certas populações de aves. A rola brava, o picanço-barreteiro, perdiz, petinha-dos-prados, cotovias, andorinhas, etc. Dia 27 Abril de 2018, a União Europeia proibiu o uso de três insecticidas perigosos para as abelhas, em cultivos abertos. Só serão permitidos em estufas. A finalidade é preservar a bio-diversidade e o meio ambiente. É uma meia-vitória. Claro que a indústria de produtos fitossanitários não ficou contente e tenta ainda reverter a decisão através da justiça.

Em Portugal já muitos estão a usar e a ensinar os novos métodos agrícolas, que no fundo não são novos, pois já no Séc. XIX eram praticados, e bem conhecidos em Versailles (que reunia todo o saber da época, no domínio da agricultura) e usados no «Potager du Roi» por Jean Batiste de Quintinie. Contudo, estes conhecimentos foram perdendo valor ao longo do tempo, com a valorização da tecnologia. Mas hoje, estão sendo aplicados, acrescentados de novas técnicas e beneficiando de novas tecnologias e descobertas, com uma nova mentalidade associada, que é o que está a fazer toda a diferença. A humanidade encontrará maneira de unificar os conhecimentos que já possui, ao mesmo tempo que se vai harmonizando com a natureza. Levará o seu tempo, mas já se iniciou o processo, em todo o mundo.

Contudo, basta percorrer o nosso país de Norte a Sul para perceber que há ainda muita monocultura. No Norte vemos grandes áreas só com milho, ou só com vinha, sem nenhuma outra cultura associada e no Sul vêm-se grandes extensões de olival ou de sobreiro ou de laranjeiras, ou de tomates, sem nenhuma outra cultura associada. Além da desvantagem de serem monoculturas, ainda aspergem tudo de químicos. Portugal tem ainda um longo caminho a percorrer sobretudo na mudança de mentalidades. Por isso, a permacultura cá, está sendo realizada por pequenos e médios novos agricultores e a nível familiar. Mas está em crescendo.

Além disso, acrescenta-se a isto as novas teorias de nutricionismo que propõe comer-se cada vez menos carne, doces e sal. Cada vez mais vegetais e frutos. Numa visão futurista de auto-sustentabilidade. Ou seja, o ideal seria cada um, cada família produzir aquilo que consome, de forma saudável e orgânica. Há já muitos projetos avançados, por todo o mundo, visando a sustentabilidade alimentar e não só.

Esta, será a agricultura do futuro para se poder alimentar a humanidade, ao mesmo tempo que se cura o planeta, poupando e gerindo convenientemente os recursos naturais, para que cheguem para todos. Reduzindo a nossa pegada ecológica. Pela sua saúde e dos seus descendentes e pelo planeta, não utilize adubos, fertilizantes ou pesticidas químicos nas suas parcelas! Tudo deve ser orgânico e biológico.

A FAO estima que com a expansão da agricultura industrial se perdeu 75% da biodiversidade no mundo das plantas cultivadas. Na agricultura tradicional e ancestral a bio-diversidade é muito maior. Os agricultores tradicionais ocupam todo o espaço disponível plantando todo o tipo de legumes praticando associação de culturas, privilegiando as sementes biológicas e variedades regionais, sendo que muita vez produzem mesmo as suas próprias sementes, perfeitamente adaptadas aos solos e regiões onde são plantadas usando muito as variedades rústicas de cada região.

Com a agricultura industrial as variedades regionais tendem a desaparecer e tudo é estandardizado. Nos supermercados hoje temos 1 ou 2 variedades de cada legume, sempre os mesmos. Perdeu-se a riqueza da bio-diversidade. O sistema tradicional de multiplicação de vegetais pode não obter plantas de alto rendimento, mas favorece a segurança alimentar, a resiliência e a autonomia, desprezando todo e qualquer produto químico.

Hoje em dia, o mercado mundial das sementes está inteiramente na mão de multinacionais que também produzem os adubos e pesticidas químicos. Os conhecimentos ancestrais foram-se perdendo. A produção de sementes pelo agricultor quase desapareceu, tal como as variedades de sementes antigas. 

Hoje é o agricultor que tem que se adaptar às sementes vendidas pelas multinacionais e não ser ele a encontrar ou criar as sementes que melhor se adaptam ao seu terreno, localização e região. Tal situação tem um custo na dimensão da bio-diversidade e na perca de autonomia dos agricultores.

TODOS SOMOS ESSENCIAIS AO ECO-SISTEMA EM QUE VIVEMOS, SE ALTERAMOS UMA PARTE DELE, QUEBRAMOS TODA A HARMONIA DO MESMO.

AFINAL O QUE É A PERMACULTURA?

A permacultura é um conceito que nasceu em 1978 por Bill Mollison e um seu aluno David Holmgren. Inicialmente designava apenas a agricultura permanente do solo,  de forma biológica, com associação e rotação de culturas. Entretanto, o conceito expandiu-se e hoje é mais abrangente designando uma cultura permanente, um ecossistema funcional, uma filosofia de vida. É um método holístico de considerar os assentamentos humanos na natureza, baseados em princípios ecológicos. Abarca não só uma agricultura permanente mas também aspectos sociais, abarca arquitectura sustentável, uma utilização responsável e sustentável dos recursos naturais, a utilização de energias renováveis, o respeito pela natureza e a vivência em harmonia entre os diversos reinos da natureza. Enfim, uma nova forma de estar na vida.

Em permacultura, vamos encontrar parcelas onde existe uma agricultura que associa horticultura, fruticultura, flores e animais; rotação de culturas; bem como o aproveitamento de águas pluviais para rega; energias renováveis e uma arquitectura sustentável. Palhagem das culturas (com palha cortada) para evitar encharcamentos e excesso de frio no Inverno e percas de humidade do solo no Verão. Cuidados preventivos de pragas nos pomares e utilização de adubos e insecticidas naturais, muitas vezes caseiros e muito pouco labor do solo.

Além disso, nada se perde e tudo se transforma. Os desperdícios de um dos elementos do ecossistema são utilizados por outros elementos do mesmo ecossistema, numa interacção permanente.

Associação de culturas

Associação ou consorciação de culturas é uma técnica agrícola que visa um melhor aproveitamento do solo a longo prazo; manter e melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos; diminui a incidência de pragas, doenças e ervas-daninhas; reduz a erosão; diversifica o rendimento; sendo utilizada em agricultura biológica, portanto também em permacultura.

Associação de espécies diferentes próximas umas das outras proporcionam vantagens recíprocas pois complementam-se entre si. Protegem-se umas às outras, evitam ervas-daninhas, atraem polinizadores, permitem aproveitar muito bem o espaço disponível, aproveitar melhor o azoto e a sombra, principalmente aos pés das culturas que permite manter a terra húmida e necessitar de menos rega (gasta-se menos água). Legumes, flores, ervas aromáticas são úteis umas às outras. Por exemplo: milho, feijão e abóbora, ou tomate com cravos da índia; alho-francês com morangos;...etc. (Ver a página ASSOCIAÇÃO/CONSORCIAÇÃO DE CULTURAS).

Há diversas formas de associar culturas, a imagem que segue, mostra os tipos mais utilizados:


Fig. 1 - Tipos de associação de culturas

Imagem: www.hortabiologica.com/2012/12/consociacao-culturas/

- Rotação de culturas  


Desta forma simples e natural, não cultivando o mesmo tipo de legumes na mesma parcela ano após ano, evitam-se a propagação de pragas e doenças, sem utilizar pesticidas.

A rotação de culturas é de enorme importância para não retirar sempre o mesmo tipo de nutriente a uma parcela ou canteiro e para não correr o risco de propagar um certo tipo de praga ou doença. É uma forma natural de obter legumes e solos saudáveis. 

Um determinado tipo de plantas afugentam certo tipo de pragas e doenças, outras fixam o azoto, outras fazem o solo ficar fofo através do tipo de raízes que possuem, e tudo isto sem utilização de químicos.

No exemplo que se segue a rotação é feita em 6 anos, mas pode fazer-se em 4. No exemplo de 6 anos: plantam-se grãos, sobretudo leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico, favas...) a seguir nessa parcela deve-se plantar um legume folha (couves, espinafres, alfaces, agriões...), depois de colher os legumes folha e adubar o terreno plantam-se legumes fruto (tomates, pepinos, curgetes, abóboras, pimentos...) e depois destes os legumes bolbo que precisam de bastante água para o bolbo aumentar (alho, cebola, cebolinho, alho-porro, funcho, etc), depois os tubérculos (batata, beterraba, nabo, rabanete...) e depois os legumes raiz  (gengibre, cenoura...) e depois recomeça-se. Assim sucessivamente, para não esgotar os nutrientes da terra e entre cada cultura aduba-se com adubo orgânico e palha-se o solo. 


Fig. 2 - Roda da rotação de culturas



 - Compostagem


Muito usada na agricultura orgânica. É um processo biológico pelo qual microorganismos vão transformar a matéria orgânica que sobra da quinta e da cozinha, numa matéria chamada composto, húmos, muito rico em nutrientes que vai ser usado para adubar o solo facilitando o crescimento das plantas.

Usa-se restos orgânicos da cozinha que não sejam nem carne nem peixe; restos do corte do relvado; restos da poda e outros elementos verdes; folhas secas e outros materiais secos, mistura-se envolve-se com terra, tapa-se e ao fim de 4, 5 meses está pronto a usar. A vantagem é: reciclamos materiais; reduzimos a quantidade de resíduos que vão para o contentor para serem incinerados; reduz-se a poluição ambiental e criamos hábitos saudáveis, sustentáveis e responsáveis.

Há também a vermi-compostagem que é feita com minhocas. 

- Palhagem

É a utilização de palha cortada, ou melhor ainda, restos de poda, restos de matéria verde do jardim tudo triturado, aos pés das culturas para ajudar a manter a humidade do solo e quando se decompõe é mais um elemento para enriquecer o solo. Que fica fofo e bem nutrido. No Inverno protege as culturas do encharcamento, no Verão do excesso de calor e consequente perda de humidade. Essa mesma palha ou matéria vegetal, ao decompor-se vai ajudar a fertilizar esse solo.




                                          Fig. 3 - Palhagem das parcelas ou canteiros

Foto: https://www.jardinews.com/les-avantages-du-paillage/


   - Não laborar a terra 


O solo não é trabalhado, não é cavado ou revirado. É apenas arejado, o que pode ser feito com uma forquilha de cavar ou com uma «grelinette» (Biogrif) em parcelas pequenas e para grandes áreas já existem mecanismos que se colocam em tratores. Não se remove a terra, para não se alterarem as camadas perturbando a fauna macro e microbiana. Cada nível tem os seus próprios microorganismos e assim deve continuar. 


   
 
 Fig. 4 - A «grelinette» (ou biogrif) e a forquilha de cavar, instrumentos manuais para parcelas pequenas.
   
 Foto:  https://potagerdurable.com                                            Foto: https://jardineravecjeanpaul.fr

Com estes instrumentos areja-se o solo sem revolver a terra, nem alterar as camadas de solo. Enterra-se na vertical, inclina-se para trás e solta-se e recomeça-se mais à frente. No fim alisa-se o terreno com o ancinho.

Uso de fontes de energias limpas, geradas no campo e que sejam renováveis. Biodiesel, biogás, etanol, biomassa, evitando ao máximo o uso de energias fósseis.

Utilize todas estas técnicas juntas e veja a diferença na sua horta e nos seus legumes! Use sempre sementes biológicas (de preferência variedades regionais) e adubos orgânicos. Faça o combate de pragas com métodos biológicos. 


Leia também: A página ASSOCIAÇÃO/CONSORCIAÇÃO DE CULTURAS
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Bibliografia e Webgrafia:

* Principles & Pathways Beyond sustainability por David Holmgren, 2002

* Permaculture - Sepp Holzer - Farming with terraces and Raised beds - https://www.youtube.com/watch?v=VsPCY05nM78
* Claude Bourguignon- La microbiologie des sols - https://www.youtube.com/watch?v=7ipPmc5Rpl1U
* Claude Bourguignon - Revitalisation biologique sols - https://www.youtube.com/watch?v=vzMhB1fgWew
* Lydia e Claude Bourguignon - Conferência - Quels sols pour demain? -https://www.youtube.com/watch?v=WoKondfFWnE
* Làrboriculture en permaculture - https://www.youtube.com/watch?v=xB4emkLvElA
* Jardinage sans travail du sol - https://www.youtube.com/watch?v=t69-kZ8zCXo
* The Best Soil Working Hand Toll I've Ever Used -https://www.youtube.com/watch?v=8wFof7FOWwE
* Aérer le sol avec une grelinette au jardin écologique - https://www.youtube.com/watch?v=8kjCpS61Z20
* Os Pássaros estão a desaparecer - Mário Lopes - Jornal Público 24-3-2018
* Os insectos estão a desaparecer na Alemanha - Cláudia Carvalho Silva - 22-10-2017 - Jornal Público
* Si les insectes disparaissent, nous avons un gros problème - Agence science-press - 23-10-2017
* Le silence des abeilles, pollinisation manuelle - httpps:/www.youtube.com/watch?v=wOyzRBr9D6Q


9 comentários:

  1. Tenho estado a ler o seu blog atentamente e tenho aprendido bastante, pois isto para mim é quase tudo uma novidade. As poucas vezes que tratei da terra, das árvores ou de jardins foi sempre de uma maneira instintiva. Mais uma vez o meu obrigado e as minhas felicitações pela informação prestada, e pela maneira como a partilha.

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    1. Obrigada pelo seu comentário e apreciação do nosso trabalho. Bem haja!

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  2. E já agora, se não se importar queria pôr-lhe uma questão. O terreno que adquiri foi em tempos uma vinha mas já abandonada há muito tempo A terra está ressequida. Será que a grelinette ou a forquilha de cavar serão suficientes para voltar a pôr o solo em "condições" ou devo usar um método mais radical que remexa alguns centimetros de terra? Muito obrigado. Os meus cumprimentos

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    1. Diogo, não sabemos qual a área do seu terreno mas pode começar por aplicar uma boa palhagem nas áreas que quer trabalhar e cultivar. Use bastante palha cerca de 15 a 20 cm de altura e deixe ficar. Dentro de algum tempo a palha vai-se decompondo e vai ver que debaixo dela a terra estará húmida, fofa e fácil de trabalhar e arejar. O solo não deve nunca ficar a nu. Na Natureza isso não existe, ela sempre cobre a terra de erva. Boa sorte!

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  3. Já era apoiante de agricultura biológica, mas depois de ler este artigo, bem mais ilucidado fico e com vontade de deixar que a natureza nos dê o fruto do seu trabalho. estou reformado, trabalhei toda avida na floresta, agora vou dedicar-me à pequena horta. Obrigado pelo vosso cuidado em dar a conhecer estas fabulosas ideias.

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    1. Obrigada pelo seu comentário. Partimos do princípio que o conhecimento deve ser partilhado e não retido... Bem haja e cuide bem da sua horta, ela retribuirá.

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  4. Só hoje conheci o blog mas devo dizer que é do melhor que tenho visto, com informação muito útil e prestada por quem sabe. Muito obrigado pelo vosso excelente trabalho e por partilharem os vossos conhecimentos. A propósito das "novas técnicas agrícolas", poderiam falar sobre a agricultura sintrópica? Tive contacto com esta técnica há pouco tempo, mas é de tal maneira apaixonante que já estou a tentar aplicá-la no contexto singelo de uma pequena horta com algumas (poucas) árvores frutíferas. Contudo, faltam-me conhecimentos para as consociações hortícolas que neste ambiente se fazem também por estratos e períodos de colheita/maturação. Obrigado uma vez mais.

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    1. Obrigada pelo seu comentário. A agricultura sintrópica é basicamente um sistema agroflorestal que inclui todas as técnicas descritas nas NOVAS TECNICAS AGRÍCOLAS e que tenta reproduzir o que faz a floresta. Num processo de regeneração dos ecossistemas sendo que a biodiversidade, a policultura, o solo nunca estar a nu, todos esses conceitos são utilizados. Tenta-se colocar as plantas em condições idênticas à que teriam no seu meio natural, sendo que tudo está interligado. É uma agricultura do vivo, em que o solo se enriquece a cada nova cultura com o passar do tempo. O oposto da criminosa monocultura que destrói os ecossistemas e empobrece os solos. É a agricultura da sustentabilidade, das associações vegetativas em que as podas são muito importantes para voltar a usar os restos e incorporá-los de novo nos solos. Não há solos maus, há maus agricultores. Mesmo terrenos que tiveram eucaliptos, recuperam com este sistema. O desenho e o manejo é que fazem a grande diferença. A capacidade de retenção de água é aumentada e os ecossistemas locais regeneram-se. Criando por vezes até micro-climas.

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