PODA DE ABACATEIROS

ABACATEIROS (Persea americana)

O abacateiro é uma árvore originária da América Central e México (principalmente das montanhas centrais e Ocidentais). Já eram conhecidos e consumidos pelos povos pré-Colombianos. Foi pelo menos isso que os cientistas comprovaram analisando túmulos antigos. Os Maias e Astecas (últimos povos pré-Colombianos) utilizavam-no também pelas suas propriedades medicinais. Em 1526 os Astecas oferecem-no a Hernán Cortés (o Conquistador), que o traz para a Europa. Foram os Espanhóis que o introduziram no resto da América latina, Ilha da Madeira e nas Ilhas Canárias.  Tem uma madeira muito dura utilizada na construção, marcenaria e escultura artística. 

A partir do 5º ano começa a frutificar, mas também pode levar 7-8 anos, ou mesmo 9 anos até dar os primeiros frutos, se for plantada através de caroço, sem enxertia. Com enxertia pode frutificar a partir do 3º ano. Por esta razão, os pomares comerciais utilizam a enxertia. É uma árvore de folha «persistente». A folhagem cai todos os anos, mas só depois da nova folhagem aparecer, portanto está sempre verde e tem sempre folhas. Multiplica-se por caroço. Gosta de uma exposição bem soalheira e abrigada dos ventos. Planta-se na Primavera.

Um abacateiro médio produz cerca de 120 abacates/ano, enquanto um pomar comercial produz 7-20 toneladas/hectare/ano.

O abacateiro aguenta temperaturas de -7 a 20ºC, mas não suporta períodos de frio prolongado, nem de geada, nem gosta de humidade. Nas regiões frias precisa de ser protegido dos ventos (com corta ventos ou plantado perto de uma parede ou muro que o proteja. Precisa de cerca de 1200 mm de precipitação anual. Adapta-se melhor a solos com PH entre 5,5 e 7 sendo que o ideal se situa entre 6.2 a 6.5. Consoante a variedade, desenvolve-se bem até aos 2000 m de altitude. Contudo, as variedades mais comuns na Europa vão até aos 1000 m de altitude.

Fertilização na Primavera e Outono e proteja com palha à volta da árvore. Precisa de bastante sol para frutificar.

Floresce em Junho-Agosto e a colheita faz-se entre Dezembro e Maio consoante as variedades. Na época de floração não pode ter falta de rega. As flores do abacateiro são de cor verde-creme a branco e ficam abertas por dois dias. Num dia está na fase fêmea e no segundo dia na fase macho. Cada abacateiro produz milhares de flores e cada uma delas passa por essas duplas fases, mas apenas cerca de 3% serão polinizadas. Há estudos científicos da Nova Zelândia, pelo Dr. Mark Goodwin, que parecem indicar que o momento da mudança de fase pode estar relacionado com a temperatura. Os insectos, o vento e os pássaros se encarregam da polinização entre as flores, para que a árvore consiga produzir frutos.

Depois de fertilizada a flor incha e se transforma numa massa verde que vai crescendo até se tornar num abacate. O tempo de maturação depende da variedade, do clima e da altitude. No México levam de 6 a 8 meses entre a floração e a fruta; na África Central e Austrália 4 a 5 meses; na Guatemala 12 a 18 meses.  Em Portugal as maiores áreas de produção são o Algarve e a Madeira.

Colheita:

Este é um fruto que não amadurece na árvore. Assim deve ser apanhado em verde. O fruto está pronto para ser colhido quando começa a perder o seu brilho e a ficar mais baço e por vezes com umas manchas acastanhadas. Colhe-se para acabar de amadurecer em casa. Corta-se com a tesoura de poda (nunca se arranca). Corta-se todo o pedúnculo onde está o fruto na ponta, pela sua base e depois, ainda com a tesoura de poda, corta-se o pedúnculo junto ao fruto.

Poda: Poda-se após a colheita.

O abacateiro tem tendência a crescer muito em altura pois a dominância apical do eixo central é muito acentuada, o que leva a um desenvolvimento rápido em altura mas mais limitado em largura. À medida que a árvore vai crescendo a frutificação eleva-se e os ramos e galhos inferiores vão secando e a árvore fica, progressivamente, desguarnecida na base. Por isso, é necessária uma poda progressiva de formação, de forma a evitar o eixo central e ramos verticais que tomariam o lugar e a função de eixo central.

Evite o crescimento irregular, comum em abacateiros, podando árvores jovens conforme elas crescem. Repetir esses passos regularmente durante os primeiros anos de crescimento e desenvolvimento ajudará a árvore a obter uma boa estrutura.

Antes dos 3 anos de idade não deve crescer mais de 5 m. Na poda corte sempre com um ângulo de 45º graus. Os ramos também devem estar em ângulo de 45º graus.

Poda de formação forma-se em fuso e depois em taça; a forma piramidal também é adequada.

Assim a 1ª poda faz-se 4 meses após a plantação para eliminar a gema apical ainda no viveiro, favorecendo a emissão de ramos laterais, e evita que a planta atinja altura excessiva. As plantas jovens devem sofrer contínuos despontamentos dos ramos verticais mais vigorosos estimulando a formação de ramos mais baixos, favorecendo o seu crescimento lateral.

A 2ª poda acontece 3-4 meses após a primeira. Eliminam-se todos os ramos verticais muito vigorosos. É neste momento que se faz a escolha dos ramos que formarão a estrutura da árvore. Evitar que haja uma predominância de qualquer um deles. Se isso suceder, reduz-se o comprimento desse relativamente aos outros. Deixam-se 4 ramos principais orientados para os 4 pontos cardeais, para formar a estrutura da árvore, com uma inclinação de 45º graus do eixo central e espaçados entre eles de 10 a 20 cm. Elimina-se o eixo central. Cortam-se todos os outros ramos abaixo do 1º ramo estrutural (ramos ladrões). Os raminhos novos podam-se a 30 cm. 

A 3ª poda efectua-se 9-12 meses após a plantação. Nesta fase a árvore toma a forma de taça. O equilíbrio é mantido, reduzindo sempre que necessário o comprimento dos  ramos estruturais muito vigorosos.

Poda de manutenção - é a única poda recomendada para o abacateiro em idade de frutificação. Poda-se após a colheita.

Quando a árvore entra em frutificação, pratica-se apenas esta poda anualmente, após a colheita dos frutos. Consiste no corte de todos os galhos secos, quebrados, mal situados (os que vão para o interior da árvore e que se cruzem) e excessivamente danificados por pragas e moléstias e os que tocam o solo. Elimina-se toda folha seca ou amarela sistematicamente. Ramos ladrões abaixo dos ramos estruturais (forma em taça) e entre os 4 ramos estruturais (forma em fuso). 

Eliminam-se todos os ramos verticais (se a planta for conduzida em forma de vaso), pois a dominância apical faz-se sempre sentir em qualquer ponto da planta. Se a planta for conduzida numa forma com eixo central (fuso ou pirâmide), consoante a posição destes ramos verticais na árvore, também se podem manter, despontando-os quando têm 40 cm. Eles vão emitir um ou dois ramos que se despontam quando tiverem 10-12 cm. Há também a possibilidade de os curvar até estarem a 45º do tronco mãe (isto nas formas com eixo central) e depois despontam-se como referido anteriormente. 

Depois da limpeza feita, reduz-se o prolongamento dos ramos estruturais em 1/3 para lhes retirar a dominância apical e podam-se os novos ramos entre 30 e 50 cm (equivalente a 6 folhas), quando tem pelo menos entre 6-9 folhas, para facilitar a floração do próximo ano. Os raminhos novos que estão nascendo deixa-se 1 palmo entre eles (o resto tira) e em lados opostos, favorecendo os que estão a 45º graus.

Se ramos grandes forem removidos durante a poda, todo o abacateiro será estimulado a crescer. Porém, os ramos grandes devem ser removidos somente se for absolutamente necessário. Cortes menores pela árvore estimularão o crescimento perto dos próprios cortes. Os cortes em ramos com mais de 4 cm de diâmetro devem ser pincelados com fungicida preventivo (argila; pasta de cinza; ou cicatrizante).

QUADRO DE PODA 

PODA APÓS A COLHEITA

Eliminar ramos secos, doentes ou mal orientados, sobretudo os verticais e ramos ladrões. Eliminar folhas secas ou amarelas. Podar o prolongamento dos ramos estruturais em 1/3 do seu comprimento para retirar a dominância apical. Podar os ramos novos entre 30 e 50 cm (6 folhas) quando tem entre 6 e 9 folhas. Raminhos a nascer deixar 1 palmo entre eles e em lados opostos.

Pode ser usado como planta medicinal para tratar problemas de pele; problemas de fígado, aftas, anemia, amigdalite, infecções urinárias, bronquite, cefaleias, diarreia, dor-de-barriga, estomatite, stress, gases, gota, hepatite, má digestão, tossem, tuberculose, varizes e vermes.

As partes usadas são: folhas, frutos, sementes, óleos e flores.

Leia também: A página PORQUÊ PODAR, QUANDO PODAR, O QUE PODAR
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