PODA DO MARACUJAZEIRO (maracujá)

MARACUJAZEIRO (Passiflora edulis)

Originário da América do Sul (das zonas tropicais e sub-tropicais), foi introduzida na Europa na época dos descobrimentos. Conhecida em alguns países europeus como «fruto da paixão». Há duas versões para a origem deste nome, fruto da paixão. Uma, diz que os Jesuítas quando chegaram ao Brasil ficaram maravilhados com a flor do maracujazeiro e lhe deram este nome. Outros dizem que a planta foi oferecida ao Papa Paulo V (1605-1621) que deu ordem para que fosse cultivada em Roma divulgando que ela representava uma revelação divina. Rapidamente a planta foi relacionada com a Paixão de Cristo devido às características e beleza da sua flor e chamada «fruto da paixão» esta relacionada com a Paixão de Cristo. Mas é também conhecida como «fruto da tranquilidade», devido às propriedades medicinais calmantes, da planta.

Fig. 1 - Flor do maracujazeiro

É uma planta trepadeira de crescimento rápido, cujos frutos, os maracujás, são comestíveis e muito utilizados em sumo, doces, geleias e para comer ao natural. As lianas desta planta podem atingir 5 a 10 m de comprimento se não forem podadas. O fruto de casca púrpura escura, chamado de maracujá roxo é mais doce que o amarelo. 

Da casca à semente, tudo é aproveitado, quando não para comer, pelas suas qualidades medicinais para indústria farmacêutica e cosmética. Tem uma forte acção antioxidante, devido à presença de flavonóides. Fruta contém vitaminas C e A, minerais (ferro, fósforo, potássio, cálcio, zinco) e a casca contém pectina (uma fibra solúvel com capacidade geleificante) pelo que permite a realização de geleias de maracujá. As folhas são utilizadas para chá calmante que não deve ser consumido antes se de operar máquinas ou conduzir automóveis, o ideal será à noite antes de deitar.

A planta dá-se bem até aos 900 m de altitude e necessita de tutoramento permanente (ex: rede de arame, um tutoramento em T ou em latada).  Prefere solo abundante em matéria orgânica e fresco que deve ser bem drenado. Ph 5-6 e não gosta de Verões excessivamente quentes, nem de ventos frios ou quentes e secos, pelo que será necessária a utilização de um quebra-vento ou uma protecção superior inclinada (para escorrer a água da chuva) de efeito sombreador, que pode ser uma simples rede sombreadora. Temperatura ideal entre 21-32º C e uma precipitação anual entre 800 e 1750 mm. Não gosta chuvas fortes na época de floração (Junho-Outubro). Flores solitárias e grandes de 10-15 cm lindíssimas mas que duram apenas 1 dia. A planta não resiste a temperaturas inferiores a 0º C e os frutos só chegam a maturidade em climas amenos. Em Portugal é cultivada no Sul e Norte litoral.

Planta-se na Primavera, em local soalheiro abrigado dos ventos e de calores intensos. Antes de a plantar mergulhe o vaso com a planta num balde de água que a cubra toda,  por alguns minutos até que deixe de borbulhar, retire do balde. Retire com cuidado a planta do vaso, verificando sempre que as raízes estejam brancas e plante. Escolha plantas com as folhas bem verdes e brilhantes, com aspecto saudável. Regue abundantemente após a plantação. Demora 2 anos até dar os primeiros frutos, mas pode ter 2 colheitas por ano, em certas regiões dará 3 colheitas. Frutifica nos ramos novos do ano. Compasso entre plantas  de 4-5 m e entre linhas de pelo menos 2,50 m, consoante a forma de condução da planta. Floração de Junho a Outubro.

Precisa de ser regada no tempo quente de Junho a Outubro. Cerca de 4 l por planta. Rega-se de manhã e ao anoitecer, também pode optar pela rega gota-a-gota.

Pode ser utilizada para ocultar um muro ou um lugar desengraçado do jardim. O maracujazeiro roxo é auto-fértil, os outros precisam de outros maracujazeiros.

PODA: Na Primavera (Março) tanto para controlar o tamanho como para estimular a floração.

- Poda de Formação  

Como trepadeira que é, o maracujazeiro deve ser tutorado desde a plantação, senão arrastar-se-à pelo solo formando um emaranhado de ramos e correrá o risco de se encher de pragas e doenças. 

Uma vez que a condução e poda de formação são bem executadas, a manutenção da planta e as podas de manutenção serão muito mais fáceis e eficazes.

Vamos ver a condução em T pois uma vez esta compreendida as outras são uma mera adaptação ao gosto ou preferência de cada um.

Colocam-se dois postes de madeira de 2,5 m de altura (50 cm ficam enterrados no solo) ou outro material, a uma distância de pelo menos 4 metros um do outro. Colocam-se fios de arame horizontais de poste a poste de 40 em 40 cm de altura, a contar do topo até 40-80 cm (bastam 2 linhas de arame). No centro coloca-se um arame vertical, o que permite a configuração em T. 

Planta-se o sujeito no meio destes postes, conduzindo-o verticalmente ao longo do fio de arame central, até a planta atingir o topo da estrutura de tutoramento. Ela tem gavinhas que se vão enrolar naturalmente ao arame condutor. Todos os brotos laterais deste ramo principal devem ser eliminados para que o maracujazeiro não perca força e chegue mais depressa ao topo da estrutura.

Quando ultrapassar em 10-12 cm o topo da estrutura poda-se a parte apical à altura do arame de topo para induzir a formação de 2 ramos laterais (um para cada lado do ramo principal). Surgirão vários ramos mas devem escolher-se os 2 mais vigorosos e melhor posicionados, ou seja, mais perto do arame, que devem começar a ser conduzidos na horizontal ao longo do 1º arame do topo da estrutura, em sentidos opostos - um para cada lado. Quando atingirem o limite lateral da estrutura devem ser podados apicalmente. Temos assim a forma em T estabelecida. O ramo principal não deve ficar com nenhuma brotação lateral para que a seiva chegue mais depressa ao topo da planta onde se irá distribuir pelos ramos secundários e terciários. 

A partir dos dois ramos laterais do topo (ramos secundários) vão desenvolver-se os ramos (ramos terciários) que vão pender desta estrutura como uma «cortina» (aos quais se devem retirar as gavinhas para não se emaranharem uns nos outros) e de onde irão sair os frutos.  Estes ramos não devem tocar no chão pelo que serão mantidos a 15-20 cm do solo.  Os ramos frutíferos devem ser podados a 1/3 do seu comprimento na Primavera (fica 2/3).

Fig. 2 - Condução do maracujazeiro em T

Imagem: https://jornalagricola.wordpress.com/2013/03/08/cultura-do-maracuja/

- Poda de Manutenção

Poda-se na Primavera. Se nos primeiros anos a condução e a poda foram bem feitas, a poda de manutenção nos anos seguintes será uma poda ligeira de limpeza e renovação, retirando ramos secos, mortos ou doentes pela base, conduzindo os novos ramos que vão surgindo. Frutifica essencialmente nos ramos novos.  Necessita de uma poda anual. 

Suprima pela base ramos secos, doentes ou muito fracos. Reduzir a 40-50 cm do arame os ramos pendentes da cortina que frutificaram no ano anterior. Os ramos pendentes da «cortina» mantêm-se a 15-20 cm do solo ao longo de toda a Estação. É importante a vigilância para que os ramos e frutos não toquem no chão para evitar doenças ou pragas. 

- Poda de Restauro

Se esteve um tempo sem poda, reduza toda a planta de 2/3 (fica 1/3) e retire os brotos laterais do ramo principal.

Fig. 3 - Poda dos ramos pendentes da «cortina» do maracujazeiro

Imagem: https://pt.slideshare.net/ednei2233/aula-02-cultura-do-maracuj

QUADRO DA PODA

PODA DE INVERNO	PODA VERDE (Março)
Não se pratica	Poda de manutenção anual - Eliminam-se ramos secos, mortos ou doentes pela base. Os ramos da «cortina» pendente podam-se a 40-50 cm do arame (topo) após a colheita e  mantêm-se a 15-20 cm do solo durante toda a Estação. Poda de restauro - Reduz-se toda a planta de 2/3 (fica 1/3) e retire as brotações laterais do ramo principal.

Multiplica-se por semente, estaquia ou mergulhia.

Leia também: A página FORMA DAS FRUTÍFERAS
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