FORMA DAS FRUTÍFERAS (Que forma escolher para as árvores de fruto?)

QUE FORMA ESCOLHER PARA AS NOSSAS FRUTÍFERAS?

Para o jardineiro amador, a escolha por esta ou aquela forma de condução das suas frutíferas, depende essencialmente do espaço de que dispõe e do seu grau de conhecimentos adquiridos, do seu «know how», bem como das suas necessidades.

Grosso modo podemos distinguir 4 tipos de árvores à venda nos centros de jardinagem e viveiristas, que interessa conhecer quando pensamos em adquirir uma árvore frutífera, que geralmente já vêm com a forma do viveiro, as 3 primeiras vêm normalmente formadas em taça, a última para poder ser formada. Outras formas devem ser encomendadas ao viveirista:

Tronco alto - A reservar para espaços muito amplos. São sujeitos cujo tronco vai de 1,80 m a 2m de altura (sem contar com a copa). São árvores que atingem facilmente 10-15 m de altura, vivem muitos anos, por vezes centenas de anos e abrigam uma fauna local rica. O grande inconveniente vem, justamente, da altura que torna quase impossível a apanha da fruta, sendo difícil a sua manutenção e precisa de espaços muito amplos para se desenvolver.

Tronco médio - Conveniente para pomares ou árvores isoladas em jardins grandes. O tronco vai de 1 a 1,5 m (sem contar com a copa), tendo uma altura total de 4 a 6 m. Também produzem bem e é mais fácil a sua manutenção e colheita da fruta. Vivem largas dezenas de anos. Mas ramos mais baixos podem incomodar nas operações de limpeza ou cultivo do solo abaixo delas. 

Tronco baixo - Conveniente para pequenos jardins e hortas. O tronco mede entre 40 e 60 cm (sem contar a copa) e a altura total não ultrapassa os 4 metros. O que torna todos os trabalhos de manutenção e colheita muito mais fáceis. Contudo, pode incomodar perto de zonas de passagem ou para trabalhar debaixo dela. Os frutos aparecem a partir do 2º ou 3º ano de plantação mas a árvore tem uma duração de vida inferior às outras (de tronco alto e de tronco médio), vivem cerca de 30 anos.

Guias com o Eixo central - São plantas muito jovens de 1 a 2,5 anos de idade, têm um eixo central de onde saem várias ramificações ao longo desse eixo central (guia). Ainda não estão formadas definitivamente.

Jardineiros amadores, com jardins pequenos, quase sempre optam por um tronco baixo ou por uma guia para depois poderem conduzir a árvore, como desejam. Pois estas prestam-se mais a isso devido a terem um eixo central de onde partem várias ramificações - os futuros ramos estruturais. Além disso, são árvores mais jovens e mais acessíveis ao porta-moedas do que as outras, à venda em centros de jardinagem e lojas de plantas.

Há diversas formas possíveis de conduzir as árvores de fruto. Mas podem-se dividir em dois grandes grupos:

     - Árvores em espaldeira - são árvores tutoradas, ao longo de toda a sua vida. Podem colocar-se junto de muros, a dividir espaços ou áreas distintas, ou a fazerem de cercas vivas. Podem ser em palmeta ou latada, estas formam um "tecto", e pode-se cultivar uma horta debaixo delas ou simplesmente servir de caramanchão e zona de lazer debaixo delas, para os dias de calor estival (muito comum no Minho e na Ilha da Madeira).

    - Árvores de forma semi-livre - Só são tutoradas nos primeiros 2 ou 3 anos da sua formação, de forma a amparar a planta jovem, ou mais tarde de forma pontual para orientar um ou outro ramo jovem. Podem ser em forma de taça, pirâmide ou fuso.

Não há uma vantagem específica, numa ou noutra forma em termos de frutificação, a não ser, a de adaptar as árvores ao espaço de que dispomos e ao nosso gosto estético. Embora, certas frutíferas tenham preferência por esta ou aquela forma. Por exemplo, as árvores de pevide (ou seja, cujos frutos têm pevide - macieiras, pereiras, marmeleiros) adaptam-se bem a espaldeira, as outras, as de caroço, nem tanto. Contudo a taça não é tão adaptada para a pereira que tem sempre tendência a formar o eixo central.

Cada ramo estrutural não deve ser prolongado em mais do que 30 cm por ano, para que a árvore seja equilibrada e tenha uma vida o mais longa possível. Cada nível da estrutura deve estar bem estabelecido antes de se iniciar um novo nível. Nas formas em palmeta a diferença entre níveis é de 30 cm. Os prolongamentos dos ramos estruturais só se podam no Inverno, ou na época de dormência da planta. Não devemos querer fazer tudo ao mesmo tempo. Tudo tem seu tempo, a natureza não dá saltos. Isto é válido para todas as árvores e para todas as formas. 

Portanto vamos ver cada uma dessas formas de condução:

Formas em espaldeira

Estas formas são escolhidas por uma questão estética, mas também pelo reduzido espaço que ocupam. Podem decorar um muro, fazer uma separação entre duas áreas distintas (ex: a divisão entre a horta e o jardim ou entre o jardim e uma zona de lazer), ou para obtenção de sombra, por exemplo as videiras que em muitos caramanchões e pérgolas servem de "tecto" verde. Nestas formas, a poda não deve ser negligenciada pois facilmente a planta pode ganhar vícios ou perder a forma original de forma mais ou menos rápida.

      - Palmeta - Uma forma «espalmada» que não tem ramificações nem para trás nem para a frente e pode ser em forma de candelabro, horizontal, com braços em diagonal, ou de cordão (vertical, lateral simples ou duplo). Pode ainda haver uma combinação de formas ao longo de uns metros. Por exemplo uma palmeta horizontal onde mais à frente se "encaixa" uma palmeta obliqua (Desenho 13 da figura abaixo).


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Fig. 1 - Diversas possibilidades nas formas em palmeta
Imagem: https://chroniclesofelyria.com/forum/topic/21099/the-plant-weavers


Fig. 2 - Palmeta de 4 braços formando uma divisão de espaços (Potager du Roi - Versailles)


Fig. 3 - Palmeta diagonal dupla (dois braços em cada árvore) a fazer de divisória
Imagem: https://www.gardensall.com/espalier-apple-trees/


Fig. 4 - Palmeta horizontal dupla de 4 níveis
Imagem: http://mxtrianz.me/espalier-peach-trees/espalier-peach-trees-15-fruit-trees-in-winter-melbourne-pruning-planting-and-care/

     - Latada - São estruturas horizontais assentes sobre granito, cimento, ferro ou madeira, como o caso dos caramanchões e pérgolas, em que a planta é conduzida, apoiada numa estrutura alta, de modo a se ramificar para formar um "teto" verde, proporcionando sombra e abrigo, ou também para permitir cultivar o terreno debaixo dela. É muito utilizada no Minho para condução da vinha, em sistema de policultura.




              Fig 5 - Uma latada
                       Imagem: https://www.clubevinhosportugueses.pt


                                              
                                Fig. 6 - Latada de limoeiros em túnel - Alameda dos Limoeiros (Ponte de Lima)
Imagem; https://olhares.sapo.pt/alameda-dos-limoeiros-ponte-de-lima-foto3788888.html

Formação em Espaldeira: Dispõem-se os ramos estruturais segundo a forma escolhida (cordão; candelabro; em espinha oblíqua; ramos horizontais, etc.), com a ajuda de um tutor, durante a Primavera-Verão, enquanto os seus ramos estão verdes e permitem ser conduzidos sem quebrar.

Na poda verde, poda-se a 4-5 folhas os raminhos novos, não se tocando no prolongamento da estrutura (Isso é feito apenas na poda de Inverno). Nas formas em espaldeira, sobretudo em palmeta ou cordão não conservar mais do que 10-15 frutos/m linear.  Na poda de Inverno podam-se os ramos frutíferos a 3 gomos, acima de um gomo virado para o exterior e o prolongamento da estrutura reduz-se em 40-50 cm consoante o vigor da árvore (equivalente a 1/3 do prolongamento da estrutura que cresceu nesse ano). Normalmente deixa-se apenas 30 cm (do prolongamento dos ramos estruturais) do que cresceu em cada ano, para que a árvore possa ter um desenvolvimento equilibrado.


Formas semi-livres

São formas em que se deixa agir mais a natureza e não é tão dramático se saltar uma poda, pois é mais fácil recuperar de uma poda que se saltou.

Taça - Esta é a forma mais difundida e praticada. Existe o tronco principal que a uma determinada altura (consoante é uma árvore de tronco alto, médio ou baixo), se ramifica em 3 ou 4 braços que por sua vez se ramifica noutros e forma uma espécie de taça ou vaso. A maioria das árvores de caroço apreciam esta forma e a macieira também.

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                                          Fig. 7 - Forma em taça
Imagem: https://elagage.ooreka.fr/fiche/voir/413847/donner-une-forme-en-gobelet-a-un-arbre

Formação em taça


1º Ano - Podar a guia acima do 3º broto virado para fora, a contar da altura escolhida para começar a formar a estrutura da árvore. A altura que vai do chão até ao primeiro ramo estrutural pode ir de 50 cm a 1,50 m. Mas deve-se ter em atenção que os pomares não devem exceder uma altura de 2,50 m para facilitar a colheita e a manutenção da árvore. Portanto, se começar a formar-se a partir de 60 cm, do chão até uma altura de 60 cm o tronco deve estar limpo, e a partir desta altura contam-se 3 gomos e poda-se. Sendo que o primeiro gomo  a contar do chão, (que formará o 1º ramo estrutural), deve ficar do lado oposto ao enxerto.


2º Ano - Podam-se os ramos estruturais (3, que é o que cresceu a partir dos 3 gomos do ano anterior), 30 cm acima de um broto virado para o exterior. Os raminhos que sairem destes ramos estruturais podam-se a 2 gomos. Podam-se os ramos ladrões situados abaixo do 1º ramo estrutural.


3º Ano - Podam-se da mesma maneira que no 2º ano, os novos ramos estruturais obtidos a partir da 2ª estrutura. Eliminam-se todos os ramos ladrões abaixo do primeiro ramo estrutural.


Pirâmide  Existe um eixo central e os ramos dispõem-se à volta deste por níveis e em grupo, 4, 5  ou mais níveis, consoante a altura do eixo centralCada nível é menor que o anterior em 30 cm. E assim vai, de nível em nível. Formando uma pirâmide. Esta é uma boa forma para pereiras que têm sempre tendência a formar um eixo central, mas outras frutíferas se podem formar assim, como o pessegueiro.

Fig. 8 - Forma em pirâmide
Imagem: Jardiminhoto


Formação da Pirâmide:  


O 1º ramo estrutural está a 30-60 cm do solo. Há 5 ramos em cada nível, formando os ramos um ângulo de 45º graus com o eixo central, com um espaçamento de 35 a 40 cm entre níveis e um espaçamento de cerca de 5-6 cm entre ramos. Sendo que no 1º nível, os ramos são mais compridos que os do 2º nível em cerca de 30 cm e assim sucessivamente de nível em nível, sendo que o comprimento dos ramos do último nível é mais curto que nos níveis que lhe ficam abaixo. Na poda de Inverno, os raminhos que saem desta estrutura são podados a um determinado número de gomos (olhos), acima de um gomo virado para o exterior, consoante cada espécie. Na poda verde, em Maio-Junho podam-se os ramos novos a um dado número de folhas (quando têm o dobro de folhas) e em Julho, poda-se a um número de folhas inferior ao que se podou no mês anterior. 
Ver as páginas de poda para cada fruteira, do lado direito do ecrã.
Fuso - É talvez das formas mais naturais. Existe um eixo central, do qual saem ramificações de 10 em 10 cm, de 15 em 15 cm ou de 20 em 20 cm (consoante o que for mais adequado para a espécie em causa), distribuídas uniformemente à volta do eixo central, que vão formar os ramos estruturais da árvore, isto até à altura desejada. Podem ser 5 ramos, podem ser 7, depende da altura que cada um pretende que a árvore atinja. O comprimento dos ramos estruturais vai diminuindo à medida que vão subindo para o topo da árvore.

   Fig. 9 - Forma em fuso
Imagem: Adaptada de http://www.wikiwand.com/fr/Taille_des_arbres_fruitiers

Formação do Fuso

Há um eixo central, o tronco, que, geralmente, se pretende venha a alcançar o máximo de 2-2,5 m de altura (para facilitar a colheita) e ao longo deste eixo central, estão dispostos os ramos que formam a estrutura da árvore com uma disposição alternada e um espaçamento entre eles de 10 a 20 cm (consoante a espécie). O primeiro ramo da estrutura deve ficar situado, de preferência, do lado oposto ao ponto de enxerto. No final, a árvore pode ter 10 ou mais ramos, ao longo do eixo central, distanciados entre si de 10 a 20 cm. O primeiro ramo da estrutura está normalmente, a 60-70 cm do chão. Neste caso os ramos da estrutura formam, com o eixo central um ângulo superior a 45º graus, estão mais horizontais, para que a seiva se distribua mais equitativamente entre todos, melhorando assim a produtividade. Também aqui, o comprimento dos ramos estruturais, vai sendo menor à medida que se aproxima do topo da árvore, formando um cone.  Na poda de Inverno, os ramos novos que saem desta estrutura, podam-se a um certo número de gomos (consoante a espécie), acima de um gomo virado para o exterior; o prolongamento dos ramos estruturais é reduzido de 1/3 do seu comprimento. Na poda Verde, do fim de Maio até final de Junho podam-se os ramos novos a um certo número de folhas (quando têm o dobro de folhas) e até fim de Julho a um número de folhas inferior ao do mês anterior. Ver as páginas de poda para cada frutífera do lado direito do ecrã.


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